Neste e em tantos outros momentos estas duas letrinhas causam grande incômodo, angústia e muitas inseguranças. Sempre que somos chamados ao RH ou é pra confirmar nossa admissão, ou para concluir nossa dispensa. Esta área da empresa tem a responsabilidade séria de trazer alegria ou destruir sonhos e possibilidades. Quando falamos em RH, normalmente temos esse medo natural que nos cerca de uma tal forma e traz a sensação de ser repreendido de uma maneira negativa e de bloqueio inexplicável.
Quem já ouviu aquela frase “Passa no RH” e já acionou o gatilho de maus presságios, de atuação desqualificada, de não merecedor das conquistas profissionais, enfim quem já tremeu na base só de ouvir tal recomendação? Porque será que se pensa que é algo ruim? E as demais pessoas da equipe também levam a consideração no sentido negativo? Se o seu trabalho está sendo bem executado, porque chamou justo você?
Na verdade, essa velha denominação que vem desde a Era Industrial peca pelo reducionismo, ao tratar as pessoas como triviais recursos organizacionais. Tratar as pessoas como recursos é simplesmente coisificar, padronizar e reduzir o seu papel e atuação no mundo corporativo. Este conceito está ultrapassado, mas tristemente a área ainda sustenta o arcaico título, sendo ainda conhecida mundialmente pelo nome de RH, embora seja, atualmente, uma área tão humana e sensível, voltada à gestão de pessoas (CHIAVENATO, 2020).
A partir da Era da Informação, o conceito de RH mudou radicalmente, embora ainda se encontre em algumas empresas, resquícios de conceitos superados. Hoje, na Era Digital, as pessoas não são, ou não deveriam ser, mais consideradas meros recursos inertes, sujeitos estáticos e passivos da administração, mas, com toda certeza, parceiros ativos e proativos do negócio. Sendo a alma, o sangue, a inteligência e o dinamismo da empresa, contribuem indispensavelmente à competitividade e sustentabilidade corporativa (CHIAVENATO, 2020).
Considerando que as empresas continuam evoluindo, gestores e líderes de sucesso também seguem esta linha de ascensão, levanta-se o questionamento sobre o RH: será que transformou-se e aprimorou-se? Será de fato pode ser chamado de Gestão de Pessoas?

“Qual o papel do RH hoje?” Desde a década de 1920, diz Cappelli, o RH sempre foi visto como meio de suporte e proteção dos empregados — uma postura que se tornou “bastante evidente nos anos 50, e também depois, como parte de um esforço da gerência no intuito de evitar a sindicalização”. Mais recentemente, porém, sobretudo no decorrer da última década, a ameaça de sindicalização perdeu força por toda parte, na medida em que os avanços tecnológicos tornaram os trabalhadores menos indispensáveis. O “contrato social” entre empregado e empregador — pelo qual as empresas proporcionavam emprego para a vida toda e o trabalhador retribuía com lealdade e dedicação aos objetivos da organização — acabou (WHARTON, 2005).
A área do RH, hoje com olhar estratégico, chega a ser comparada com a espinha dorsal da empresa, uma vez que é sensível aos múltiplos fatores que envolvem as organizações e as pessoas que as compõe. Depende da cultura organizacional, e consequentemente do estilo de gestão daqueles que gerenciam sua rotina e suas ações, bem como das características do contexto ambiental, do negócio da organização, missão, visão e valores e de outras inumeráveis variáveis importantes. Esta área deve ter um olhar sistêmico para esta realidade multifacetada e que se inter-relacionam intimamente.
Uma função considerável do RH é estabelecer uma estruturação de métodos e comunicação entre colaborador e empresa, pensando em todos os aspectos que envolve deste a identificação, recrutamento e seleção dos colaboradores, até formas de beneficiá-los, motivá-los, treiná-los, capacitá-los e desenvolvê-los no sentido de aprimoramento técnico e comportamental, visando lucros e satisfação para empresa, não desconsiderando, é claro, tais crescimentos de maneira pessoal também. O RH estará atuante na vida de um profissional, desde o momento em que adentra a empresa, até seu desligamento e durante toda a sua permanência nela.
Mas, saiba que o RH não demite, mas sim o gestor. O RH apenas faz a parte burocrática e dá apoio. Como colocar esta responsabilidade nas mãos de “alguém” que não está no dia a dia do colaborador? E que desta forma não tem como tomar a decisão de exoneração do mesmo. A advertência ou demissão ocorre por inúmeros motivos, se o desempenho de um profissional é avaliado continuamente, se está agregando valor ao time ou não, se está entregando as tarefas no prazo estabelecido e com a qualidade esperada, se está se mostrando disponível, interessado, comprometido, enfim se está correspondendo ao esperado pelo gestor e pela empresa, em caso divergente cabe uma avaliação do mesmo e um possível chamado ao setor do RH, que irá comunicá-lo uma decisão já tomada (Netto, 2019).
O RH entra nesse momento para dar apoio e orientar o gestor em como prosseguir, uma vez que ele decidiu desligar ou desenvolver aquele colaborador. O time de RH, em sua maioria, é formado por profissionais que sabem se relacionar com pessoas, que devem habilmente ouvir os dois lados e ponderar ambos sem julgamento. É uma área que tem como papel ouvir, orientar, treinar e apoiar tanto os gestores como os colaboradores, buscando que toda a empresa atue de forma equilibrada, justa e agradável (Netto, 2019).
O Feedback atualmente é uma ferramenta essencial do RH, inclusive no momento em que o candidato não foi aprovado, e aí se trata do Feedback negativo, devendo ter manejo na forma de executá-lo. O “RH” detém certa “soberania” numa organização, pois como já dito anteriormente cuida de todo o processo deste a entrada do colaborador na empresa, passando pelo clima organizacional, exigindo e incentivando sempre com tamanha proporção todas questões de desenvolvimento.
Entendendo tudo o que envolve a área do RH, porque não quebrar essa barreira? Este medo que assombra qualquer um quando se depara com este contato? Porque não usufruir de tudo de bom que o RH pode proporcionar? E se a mensagem for de fato negativa, será que alguém consegue estar preparado para ouvir um “VOCÊ ESTÁ DEMITIDO”?
Precisa-se manter a serenidade e a calma, não indica o fim do percurso, mas sim um momento para ponderar suas atitudes. É acreditar em si mesmo e aceitar por mais que seja doloroso, são ciclos e etapas da vida, e que precisa desenvolver estratégias para solucionar as questões apresentadas. É um momento de reflexão, se houver demissão, de qual maneira contribuiu-se para isso, faltou compromisso? Poderia ter agido com mais evidência e interesse? Chegava atrasado com frequência? Negava contribuição para com sua equipe? O relacionamento e a comunicação aconteciam de maneira satisfatória? Enfim o que fez no sentido de não alcançar êxito na sua função? O que não lhe garantiu sucesso e aplausos no final da apresentação?
A relação com a Gestão, faz toda a diferença. E você vai realmente ver se está preparado para gerir seus próprios conflitos e trabalhar sua parte comportamental.
Atualmente, os profissionais têm medo ou receio de deixar a empresa porque o mercado de trabalho oferece poucas oportunidades, e muitos acabam não se queixando da carga de trabalho excessiva, pois acreditam que isso os demitiriam. Muitas empresas estão distribuindo um maior volume de trabalho aos seus colaboradores, e seguem acompanhados e apoiados pelo RH, que tem sido fundamental para isso. Além disso, como as empresas continuam a cortar benefícios, como planos de saúde e pensão, o RH responde cada dia mais pela tarefa de “comunicar as más notícias aos trabalhadores” (WHARTON, 2005)
Desta forma, haverá momentos em que o RH será visto como vilão, quando terá que efetivar a demissão e concretizar a quebra de uma carreira naquela determinada empresa, mas ao mesmo tempo passa para o outro lado da tela, sendo um herói ao informar a admissão, ou uma promoção ou ainda ao apresentar um feedback positivo, resultado da avaliação de desempenho enquanto valorização e reconhecimento de um profissional competente. Vale considerar que o verdadeiro herói ou vilão é o próprio indivíduo, que colherá os frutos de sua atuação, suas práticas, posturas e ações desenvolvidas ao longo da sua carreira.
O profissional de sucesso contará no seu arsenal de comportamentos cobiçável exemplos de dinamismo e agilidade, estando sempre além do esperado e com boa capacidade de organização e planejamento, é aquele profissional flexível e apto em resolver conflitos. Não deixa de ser inovador, com capacidade de se adaptar as mudanças com facilidade e postura ética. Não há garantias de que será um processo fácil, mas deve seguir a diante, mesmo com medos e inseguranças, é isso que o tornará um profissional diferenciado, capaz de lidar habilmente com as novidades. Esta flexibilidade garante a busca de novos caminhos quando o primeiro escolhido não propiciar os resultados desejados.
Avalie a cada momento como você está construindo sua trajetória profissional e se está perto de se tornar aquilo que de fato deseja ser. Você é, e deve ser, sempre aquele que escolhe o lado que deve permanecer, do bom ou do mal profissional, a Escolha é sua. Pense nisso.

Referências Bibliográficas:
NETTO, L. Por que as pessoas têm medo do RH? 2019. Disponível em <https://engaging.com.br/por-que-as-pessoas-tem-medo-do_rh/?fbclid=IwAR1h9xTzjgPN9Izodf-ZksGHhkp67hEHUj1xCv36TikkVSxF5p_V5vxCmlc> Acesso em Maio/2020.
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. 11 Edição. São Paulo: Atlas, 2020.
WHARTON, University Of Pennsylvania. O RH de sua empresa é amigo ou inimigo? Bem, depende de quem faz a pergunta. 2005. Disponível em <http://www.knowledgeatwharton.com.br/article/o-rh-de-sua-empresa-e-amigo-ou-inimigo-bem-depende-de-quem-faz-a-pergunta/> Acesso em Maio/2020.

Cláudia Moreira

Ministra aulas de Recursos Humanos, Diversidade Cultural Brasileira, Direitos Humanos e Segurança Pública.

Eduardo Aquino 

Ministra aulas de Logística e Gestão de Estoques; Saúde e Segurança no Trabalho

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